29 agosto 2006

Erechim e o estacionamento pago


A cidade de Erechim assiste, nesses últimos dois meses, a uma polêmica levantada pela implantação do sistema de estacionamento rotativo pago, em algumas ruas do centro.
A grande maioria da população já se manifestou favoravelmente a este projeto e outros, no entanto, ainda se colocam contra, tentando derrubar a idéia original.
Podemos afirmar que a implantação das rótulas, em alguns cruzamentos da cidade, e do sistema de estacionamento rotativo pago, foram duas das melhores idéias da prefeitura municipal para disciplinar o trânsito na nossa cidade.
As pessoas estavam acostumadas a deixar seus carros estacionados, durante o dia inteiro, na frente do seu trabalho ou estabelecimento comercial. Isto acarretava uma grande dificuldade para aqueles que necessitavam estacionar por alguns minutos, pois freqüentemente não encontravam uma vaga. Este mau hábito causava grande prejuízo a todos, especialmente aos comerciantes, sendo que eles mesmos deixavam seus carros enfrente aos seus estabelecimentos comerciais, dificultando bastante a vida dos seus clientes.
O estacionamento rotativo pago foi instituído nas grandes cidades desde que o carro se popularizou. Assim, inicialmente nasceram os parquímetros, tão conhecidos por todos, especialmente nos filmes, onde o motorista ao estacionar o seu veículo na rua, acionava o mecanismo de contagem de tempo e, quanto retornava, pagava com moedas o valor do estacionamento.
Com o aumento, sempre crescente, da frota de veículos nas grandes cidades, foram aparecendo dificuldades em estacionar na rua e os parquímetros não foram suficientes para garantir vagas para todos. Surgiram então os grandes estacionamentos pagos, localizados em terrenos vazios, em subterrâneos, debaixo de ruas, praças, avenidas e mais tarde os edifícios garagens.
No exterior todos esses estacionamentos são pagos e quase sempre explorados pelas prefeituras das cidades, hoje com um grau de automatização bastante avançado. O problema do estacionamento é muito grande em todo o mundo. Algumas cidades, como Londres, com o intuito de limitar a circulação de veículos, chegam a cobrar um imposto para os que querem circular por certas zonas.
Com Erechim não podia ser diferente. O número de veículos em circulação pela nossa cidade aumentou muito nos últimos anos e o problema do estacionamento se agravou bastante. Para disciplinar e, principalmente, democratizar as vagas nas ruas da cidade, já se fazia necessária uma atitude da prefeitura municipal.
O método agora empregado, de valor bastante acessível para todos, disponibiliza cartões conforme as necessidades de tempo de cada pessoa.
A recente idéia, surgida em alguns meios, de se eximir do pagamento alguns grupos de pessoas ou de categorias profissionais não deve ser levada a sério. O estacionamento pago é a forma mais democrática existente para resolver o problema de estacionamento em uma cidade. Mas, para dar certo, todos, sem exceções, deverão pagar por ele.
Faço votos que a chamada área azul seja estendida para um maior número de ruas, abrangendo todo o centro da nossa cidade e só assim resolveríamos, por mais alguns anos, o problema de falta de estacionamento.

MTG e a Tradição



Tendo em vista a recente onda de inovações na interpretação das músicas e também da indumentária típica gaúcha, em Assembléia Geral do MTG, foram votadas e instituídas novas normas que deverão ser seguidas por todos os CTG que fazem parte da entidade central.
Nunca fui associado a um CTG e nem sou nascido no Rio Grande do Sul. Faço parte daqueles que, talvez, como já disse alguém, sejam mais gaúchos do que os autóctones, pois gaúchos somos por opção. Assim, sinto-me muito a vontade para comentar este assunto e emitir a minha opinião. Como o próprio nome já diz, um CTG é uma sociedade criada para cultivar e, fundamentalmente, preservar as tradições do povo gaúcho, os seus antigos usos e costumes, a sua maneira de viver.
Tradição é como o folclore de um povo. Não podemos sair por aí alterando e modificando o folclore, pois ele retrata uma época, um período da história. Esta deve ser antes de tudo conhecida, para ser respeitada e protegida, sempre se mantendo o mais fiel possível dentro das suas verdadeiras origens.
È bem verdade que estes novos ritmos musicais, que mesclam as músicas gaúchas com outros ritmos brasileiros, caíram mais no agrado do grande público, especialmente fora do Rio Grande do Sul. Alguns até estão se tornando sucessos nacionais, o que faz certamente bem para a saúde financeira desses novos grupos musicais.
Sabemos das grandes dificuldades que os conjuntos nativistas enfrentam para se manterem em atividade e, às vezes, a solução encontrada para sobreviver é criar modismos, novidades sujeitas a mudanças anuais, moldadas ao gosto dos consumidores dos grandes centros. Também existem aqueles conjuntos que só vêem cifrões na frente de todo o seu trabalho, não pestanejando em destruir o que já foi realizado por tantos.
Acreditamos que caberia aqui uma participação mais efetiva do governo do Estado do Rio Grande do Sul, principal interessado no verdadeiro tradicionalismo, para a manutenção dos conjuntos gaúchos autênticos. Poderia começar criando condições e incentivos para aqueles que, com o seu trabalho, levam o verdadeiro nome deste Estado aos quatro cantos do Brasil, e muitas vezes para o exterior, compensando assim possíveis perdas por se manterem fiéis às nossas tradições.
Não somos contra a existência desses novos conjuntos, alguns são realmente muito bons, alegres, jovens e com muito balanço, mas, não podemos atropelar a tradição e a nossa história, sobretudo dentro do templo que foi criado especialmente para manter as tradições gaúchas.
Essas recentes formas de manifestações musicais, essa nova moda de vestir o gaúcho, criadas em nome de uma pretensa evolução, falsa expressão do moderno, deverão mesmo permanecer fora do ambiente dos CTG, sobretudo por não se constituírem em exemplos de tradição. Para eles, certamente, não faltarão outros bons espaços onde poderão exibir os seus trabalhos.
Parabéns ao patrão do MTG pela determinação e coragem em conter esses avanços que vêm contra a tradição, os quais, em poucos anos, certamente descaracterizariam e destruiriam tudo aquilo que até hoje com sacrifício foi construído.