29 agosto 2006

MTG e a Tradição



Tendo em vista a recente onda de inovações na interpretação das músicas e também da indumentária típica gaúcha, em Assembléia Geral do MTG, foram votadas e instituídas novas normas que deverão ser seguidas por todos os CTG que fazem parte da entidade central.
Nunca fui associado a um CTG e nem sou nascido no Rio Grande do Sul. Faço parte daqueles que, talvez, como já disse alguém, sejam mais gaúchos do que os autóctones, pois gaúchos somos por opção. Assim, sinto-me muito a vontade para comentar este assunto e emitir a minha opinião. Como o próprio nome já diz, um CTG é uma sociedade criada para cultivar e, fundamentalmente, preservar as tradições do povo gaúcho, os seus antigos usos e costumes, a sua maneira de viver.
Tradição é como o folclore de um povo. Não podemos sair por aí alterando e modificando o folclore, pois ele retrata uma época, um período da história. Esta deve ser antes de tudo conhecida, para ser respeitada e protegida, sempre se mantendo o mais fiel possível dentro das suas verdadeiras origens.
È bem verdade que estes novos ritmos musicais, que mesclam as músicas gaúchas com outros ritmos brasileiros, caíram mais no agrado do grande público, especialmente fora do Rio Grande do Sul. Alguns até estão se tornando sucessos nacionais, o que faz certamente bem para a saúde financeira desses novos grupos musicais.
Sabemos das grandes dificuldades que os conjuntos nativistas enfrentam para se manterem em atividade e, às vezes, a solução encontrada para sobreviver é criar modismos, novidades sujeitas a mudanças anuais, moldadas ao gosto dos consumidores dos grandes centros. Também existem aqueles conjuntos que só vêem cifrões na frente de todo o seu trabalho, não pestanejando em destruir o que já foi realizado por tantos.
Acreditamos que caberia aqui uma participação mais efetiva do governo do Estado do Rio Grande do Sul, principal interessado no verdadeiro tradicionalismo, para a manutenção dos conjuntos gaúchos autênticos. Poderia começar criando condições e incentivos para aqueles que, com o seu trabalho, levam o verdadeiro nome deste Estado aos quatro cantos do Brasil, e muitas vezes para o exterior, compensando assim possíveis perdas por se manterem fiéis às nossas tradições.
Não somos contra a existência desses novos conjuntos, alguns são realmente muito bons, alegres, jovens e com muito balanço, mas, não podemos atropelar a tradição e a nossa história, sobretudo dentro do templo que foi criado especialmente para manter as tradições gaúchas.
Essas recentes formas de manifestações musicais, essa nova moda de vestir o gaúcho, criadas em nome de uma pretensa evolução, falsa expressão do moderno, deverão mesmo permanecer fora do ambiente dos CTG, sobretudo por não se constituírem em exemplos de tradição. Para eles, certamente, não faltarão outros bons espaços onde poderão exibir os seus trabalhos.
Parabéns ao patrão do MTG pela determinação e coragem em conter esses avanços que vêm contra a tradição, os quais, em poucos anos, certamente descaracterizariam e destruiriam tudo aquilo que até hoje com sacrifício foi construído.